De forma geral, a impressão excessiva de dinheiro pelas principais economias tende a impactar positivamente o valor do Bitcoin (BTC). Isso ocorre por algumas razões fundamentais:
1. Perda de valor das moedas fiduciárias (inflação)
Quando governos imprimem mais dinheiro, a oferta da moeda aumenta, o que pode levar à desvalorização da mesma. Essa desvalorização faz com que os investidores procurem ativos de reserva de valor, como o Bitcoin, que é deflacionário por design, já que possui um fornecimento limitado de 21 milhões de unidades.
2. BTC como "ouro digital"
O Bitcoin é frequentemente chamado de "ouro digital" porque compartilha características de escassez com o ouro, mas com a vantagem de ser facilmente transferível e armazenável. Em momentos de impressão desenfreada de dinheiro, muitos investidores veem o BTC como uma alternativa para proteger seu capital.
3. Desconfiança nos sistemas financeiros tradicionais
A impressão excessiva de dinheiro pode gerar desconfiança nos sistemas financeiros centralizados. O Bitcoin, sendo descentralizado e baseado em uma blockchain transparente, se torna uma opção atraente para aqueles que querem fugir da inflação e da manipulação monetária.
4. Fatores psicológicos e narrativas do mercado
O mercado de criptomoedas responde muito a narrativas. Sempre que há notícias sobre políticas monetárias expansionistas, como os pacotes de estímulo econômico, é comum que o Bitcoin seja promovido como um "hedge contra a inflação", o que atrai mais compradores e eleva o preço.
5. Efeito limitado no curto prazo
Vale lembrar que, apesar dessa correlação, o preço do Bitcoin também é influenciado por muitos outros fatores, como adoção institucional, regulação, ciclos de mercado e eventos específicos (halvings, por exemplo). Portanto, a impressão de dinheiro não é a única variável a ser considerada.
Vamos explorar a relação entre a impressão de dinheiro e o Bitcoin com exemplos históricos e eventos relevantes:
1. Política Monetária durante a Pandemia de COVID-19 (2020-2021)
Impressão de Dinheiro
- Em 2020, o Federal Reserve (Fed) e outros bancos centrais globais adotaram políticas de estímulo massivas para combater os efeitos econômicos da pandemia.
- Nos EUA, foi introduzido o Programa de Alívio Econômico CARES, que injetou trilhões de dólares na economia.
- Isso levou o balanço do Fed a ultrapassar US$ 7 trilhões, quase dobrando em relação a 2019.
Impacto no Bitcoin
- O BTC saiu de cerca de US$ 5.000 em março de 2020 (após o crash do mercado global) para US$ 64.000 em abril de 2021.
- Narrativas como "Bitcoin é um hedge contra a inflação" dominaram a mídia, atraindo tanto investidores de varejo quanto institucionais.
2. O Aumento da Inflação Global em 2022
Impressão de Dinheiro & Inflação
- A impressão desenfreada entre 2020-2021, combinada com problemas de cadeias de suprimento e a guerra na Ucrânia, levou a uma inflação recorde nos EUA, atingindo 9,1% em junho de 2022, o maior nível em 40 anos.
Impacto no Bitcoin
- Apesar de o BTC ser considerado um hedge, ele sofreu um forte recuo, caindo de US$ 68.000 em novembro de 2021 para US$ 15.700 em novembro de 2022.
- Isso ocorreu porque:
- A alta dos juros pelo Fed reduziu a liquidez no mercado.
- Investidores retiraram capital de ativos de risco, incluindo criptomoedas.
3. O Halving e a Política Monetária Global
Conceito de Halving
- O Bitcoin passa por um evento chamado halving a cada 4 anos, reduzindo a recompensa por bloco minerado pela metade.
- Isso reduz a nova oferta de BTC, tornando-o mais escasso, especialmente em tempos de impressão monetária.
Histórico
- Após cada halving (2012, 2016, 2020), houve alta expressiva no preço do BTC.
- O próximo halving será em 2024, e se ocorrer em um cenário de continuação da impressão de dinheiro, pode gerar uma nova corrida de alta.
4. Bitcoin x Ouro: Uma Comparação
Respostas à Crise
- Durante crises inflacionárias, o ouro sempre foi o ativo refúgio tradicional. Entretanto, desde 2020, o Bitcoin começou a rivalizar nesse papel.
- Investidores institucionais, como MicroStrategy e Tesla, alocaram bilhões em BTC como hedge, acreditando que o BTC é mais portátil, divisível e escasso que o ouro.
5. A Teoria Monetária Moderna (MMT) e o BTC
O que é MMT?
- A MMT defende que governos podem imprimir dinheiro sem consequências catastróficas, desde que controlem a inflação por meio de tributos e gastos direcionados.
Bitcoin como resposta
- A criação infinita de dinheiro vai contra a filosofia do Bitcoin, que opera em um sistema descentralizado e deflacionário.
- A narrativa "Bitcoin é dinheiro honesto" ganha força toda vez que governos abusam da impressão monetária.
Resumo: Dinheiro Impresso x Bitcoin
- Curto Prazo: Políticas de estímulo tendem a elevar o preço do Bitcoin, pois mais dinheiro circulando aumenta a demanda por ativos de risco.
- Longo Prazo: A inflação provocada pela impressão excessiva reforça o BTC como reserva de valor.
- Volatilidade: Altas de juros ou crises globais podem trazer quedas temporárias, mas reforçam a tese de escassez do Bitcoin.
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